O Caminho da Mata Atlântica é uma trilha de mais de 4 mil km que percorre toda a Serra do Mar e um trecho da Serra Geral, entre os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A trilha tem seu limite norte no Parque Estadual do Desengano (RJ) e se estende até os cânions do Parque Nacional dos Aparados da Serra (RS).
Inspirada na Appalachian Trail norte americana, a trilha cruza mais de 130 áreas protegidas, diversas comunidades tradicionais e terras indígenas e une trilhas históricas, como o Caminho do Itupava (PR), os Caminhos do Mar (SP), o Caminho de Mambucaba (SP/RJ) e as travessia Petrópolis-Teresópolis e Lumiar-Sana (RJ). Serpenteando por montanhas e praias, a trilha passa também pelas paisagens da Ilha de Santa Catarina (SC), Ilha do Mel (PR), Ilhabela (SP) e Ilha Grande (RJ).
O Caminho da Mata Atlântica é muito mais do que uma trilha, é uma iniciativa que integra o montanhismo e o ecoturismo para promover desenvolvimento local e conservação da biodiversidade em um dos biomas mais ameaçados do mundo.
O projeto é dividido em quatro componentes:
1. Implantação da Trilha
O primeiro componente do projeto é a implantação da trilha em si, incluindo a definição do trajeto, capacitação de voluntários e parceiros para manejar e sinalizar a trilha. O trajeto de cada trecho é definido de forma participativa com o envolvimento de gestores das unidades de conservação, montanhistas, voluntários e parceiros locais. Os eventos de capacitação e reuniões locais são divulgados pelas redes sociais (siga o @caminhodamataatlantica)
3. Cadeia produtiva
O componente 3 reúne as ações voltadas para o fortalecimento das iniciativas locais, visando geração de oportunidades de trabalho e renda e alternativas para uso mais sustentável da Mata Atlântica. Os parceiros que prestam serviços aos caminhantes recebem divulgação e apoiam a manutenção da trilha e os trabalhos voluntários. A divulgação dos prestadores de serviços parceiros ao longo do Caminho também ajuda o caminhante a planejar suas atividades, contando com informações sobre hospedagem, transporte guiagem e outras formas de apoio para sua aventura.
2. Engajamento e voluntariado
O componente 2 envolve as ações de engajamento de voluntários, incluindo toda a divulgação da proposta e as estratégias de mobilização e organização dos voluntários do projeto. As atividades voluntárias são realizadas pelos Núcleos locais, muitas vezes em mutirões, com apoio das coordenações regionais.
4. Pesquisa e conservação
A proposta do Componente Pesquisa e Conservação é identificar as áreas prioritárias para proteção e recuperação de corredores ecológicos ao longo de todo o Caminho, incluindo a Serra do Mar e a Serra Geral.
Pesquisadores parceiros estão formando uma rede de especialistas para propor e executar ações de monitoramento em grande escala ao longo de toda a trilha, o que pode indicar efeitos das mudanças climáticas ao longo dos gradientes latitudinal e altitudinal. Os movimentos de médios e grandes mamíferos entre os grandes remanescentes também ajudam a identificar onde ainda existem corredores para a fauna e onde é necessário recuperar a floresta. Medidas como o proteção de nascentes e matas ciliares, incentivo à recuperação de áreas de reserva legal ou à implantação de sistemas agroflorestais podem ser soluções locais para um problema que ameaça todo o bioma.